O Rio Grande do Norte teve 21 vítimas de feminicídio até novembro de 2025, segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado (Sesed). O número supera o total de 19 casos contabilizados em todo o ano de 2024. O dado é registrado em um cenário nacional de alerta diante dos episódios brutais registrados nos últimos meses, incluindo crimes que chocaram o Estado e o País.
No RN, o Anuário Brasileiro de Segurança Pública mostra uma redução dos feminicídios de 24 para 19 entre 2023 e 2024, queda de 21,1%. Mas as tentativas de feminicídio saltaram 71,8%, passando de 39 para 67. O dado, somado ao balanço parcial de 2025 da Sesed, indica que a violência tende a se agravar.
No Brasil, o relatório aponta que 1.492 mulheres foram vítimas de feminicídio em 2024, o maior índice desde a criação da tipificação em 2015. São quatro mulheres mortas por dia pelo simples fato de serem mulheres. As tentativas também explodiram: 3.870 casos – alta de 19%. O perfil permanece o mesmo: 63,6% das vítimas eram negras e 70,5% tinham entre 18 e 44 anos. Em 80% dos casos, o autor era companheiro ou ex-companheiro.
A escalada da violência tem rosto. O da administradora Juliana Soares, 35 anos, tornou-se símbolo nacional após ela sobreviver a 61 socos desferidos pelo então namorado, Igor Cabral, dentro de um elevador, no dia 26 de julho, na capital potiguar. A cena, captada pelas câmeras do prédio, viralizou nas redes sociais e expôs a violência diária que milhões de brasileiras enfrentam.
Outros casos recentes reforçam o quadro de terror. Douglas Alves da Silva atropelou e arrastou por quase um quilômetro a jovem Tainara Souza Santos, 31 anos, na Zona Norte de São Paulo. Mãe de dois filhos, ela teve as duas pernas amputadas e está internada em estado grave. Douglas nega conhecê-la, mas testemunhas confirmam que havia um relacionamento.
80% dos feminicídios são cometidos por parceiros íntimos, alerta promotora
A promotora de Justiça Érica Canuto afirmou que 80% dos feminicídios no Brasil são cometidos por parceiros íntimos. Ela destacou, em entrevista à TV Tropical no mês de julho, que os agressores costumam ser homens próximos da vítima: “pais, filhos, padrastos, irmãos, companheiros, namorados, ex-namorados”.
Érica Canuto atribuiu essa queda ao aumento das medidas protetivas e ressaltou que “a medida protetiva é o coração da Lei Maria da Penha”. Ela enfatizou que, em 95% dos feminicídios, a vítima não tinha medida protetiva ou registro de ocorrência. A promotora também alertou para os impactos diretos da violência doméstica em crianças e lembrou que o RN dispõe de serviços como a Patrulha Maria da Penha, casas-abrigo e rede integrada de apoio.
Defendendo ações voltadas à autonomia financeira das vítimas, a promotora reforçou a importância de cursos profissionalizantes e assistência contínua. Ela pediu à população para que não permaneça omissa diante de sinais de violência: é possível pedir ajuda pelos números 190 ou 180 e “salvar uma vida”. AgoraRN







