PENDÊNCIAS: FORRÓ DE MILHÕES, REMÉDIO DE CENTAVOS

Da redação - Assú Notícia:
Em meio a uma série de dificuldades enfrentadas pela população de Pendências, no interior do Rio Grande do Norte — como a escassez de medicamentos básicos, buracos nas ruas, obras abandonadas e um rombo milionário no orçamento municipal — a gestão da prefeita Drª Lays optou por priorizar os festejos juninos. A celebração, embora tradicional, chamou atenção pelo alto custo: mais de R$ 2 milhões foram investidos em artistas, estrutura de palco, som, iluminação, fogos e adereços.

A cidade, que amarga o abandono de cerca de 100 casas populares iniciadas em gestões passadas e onde aprovados em concurso público continuam à espera de convocação, viu recursos públicos serem direcionados a shows e contratações artísticas sem qualquer apoio externo. Não houve patrocínio privado, emenda parlamentar ou verba do Ministério da Cultura. Todos os gastos foram cobertos com recursos próprios — ou seja, do bolso da população.

Entre os cachês pagos pela Prefeitura estão:
Mara Pavanelly – R$ 200 mil
Grafith – R$ 150 mil
Giannini – R$ 80 mil
Forró dos 3 – R$ 70 mil
Raynel Guedes – R$ 80 mil
Circuito Musical – R$ 100 mil
Julian Monte e Bruno Martins – R$ 40 mil cada
Deusa do Forró e Zé Lezin – R$ 25 mil cada
Padre Nunes – R$ 17 mil
Além dos artistas, também foram pagos:
Artistas locais e chamadas públicas – R$ 60 mil
Fogos – R$ 42.988
Adereços juninos – R$ 34.231,50
Trio elétrico "15 em Ponto" – R$ 74.990
Estrutura de palco, som e iluminação – R$ 1.070.878 (valor que também contempla festas de fim de ano)

Prioridades invertidas
Enquanto a festa movimentava a cidade, moradores buscavam itens como sulfato ferroso e esparadrapo nas farmácias públicas, muitas vezes sem sucesso. Reclamações sobre fossas estouradas, ruas intransitáveis e a paralisação de obras importantes seguem sendo pauta recorrente entre a população.

A decisão da prefeita Drª Lays de gastar milhões em festas, mesmo diante de um cenário financeiro delicado, gerou indignação. Especialmente após a própria gestão alegar falta de recursos para ações essenciais, como convocação de concursados e investimento em saúde e educação.

A comparação feita por moradores é direta: "Parece aquele vizinho que deve a todo mundo, mas vive dando festa. Só que, neste caso, quem paga é a gente", afirma um servidor público que preferiu não se identificar.

Sem transparência, sem parceria
Diferente de cidades maiores que buscaram parcerias com empresas privadas e plataformas de patrocínio como PicPay ou Esportes da Sorte, Pendências arcou sozinha com todos os custos da festa. A ausência de apoio externo levanta questionamentos sobre a estratégia de gestão adotada.

Críticos da administração apontam que, embora eventos culturais sejam importantes para a identidade local, eles não podem ser colocados acima de necessidades básicas da população. Ainda mais quando há um passivo orçamentário elevado, infraestrutura precária e serviços essenciais em estado crítico.

O pós-festa
Com os shows finalizados e as luzes do palco apagadas, ficam as dívidas — financeiras e sociais. A população, que vive o cotidiano da cidade, continua enfrentando os mesmos problemas. E agora, com menos dinheiro em caixa.

A gestão municipal ainda não se pronunciou oficialmente sobre os valores totais ou os critérios utilizados para justificar os gastos em detrimento de outras demandas urgentes.