DEPUTADO CARLOS AUGUSTO DIVULGA VÍDEO DE ABORDAGEM TRUCULENTA FEITA PELOS POLICIAIS RODOVIÁRIOS FEDERAIS NA BR-427 EM CAICÓ

O deputado estadual Carlos Augusto Maia (PT do B) vai entrar na justiça contra os policiais rodoviários federais que o detiveram em Caicó (270 km de Natal) no final de semana passado. Maia foi preso pelos agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) sob a acusação de desacato durante uma abordagem feita na manhã do sábado (1), após deixar a festa de Sant’Ana.   A decisão do parlamentar se deu após o despacho assinado pelo delegado da Polícia Civil Helder Carvalhal. O delegado registrou, após a tomada dos depoimentos de Carlos Augusto, dos cinco policiais envolvidos no caso e testemunhas do ocorrido. Para ele, não houve registro de desacato por parte do deputado estadual, que não conduzia o carro abordado pela PRF.   O documento emitido por Carvalhal, que integra a 3ª Delegacia Regional de Polícia de Caicó, foi entregue à Mesa Diretora da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte (AL-RN) ainda na terça-feira (4). O despacho foi encaminhado também para o Ministério Público Federal no RN (MPF-RN).   
Um dos pontos que balizou o posicionamento do delegado Helder Carvalhal foi a análise do vídeo feito pelos próprios policiais durante a prisão na região Seridó. A gravação foi mostrada ontem por Carlos Augusto Maia no plenário “Deputado Clóvis Motta”, durante a sessão ordinária na AL-RN. Com pouco mais de 17 minutos, o registro feito por um policial mostra parte do início da abordagem, a prisão do deputado – que foi imobilizado por cinco policiais – e a discussão entre Carlos e os agentes da PRF.    “Estou muito dolorido e ferido por ter que apresentar essas imagens. Mostrar esse vídeo é meu último ato político sobre minha prisão. Agora vou buscar reparação em outras instâncias”, disse Carlos.   A filmagem exibida pelo deputado para seus colegas parlamentares e o público presente no plenário foi dividida em duas partes. A primeira, mais curta, mostra o deputado conversando os policiais, já fora do carro, em uma área ao lado da pista. Carlos Maia disse que resolveu se pronunciar no plenário da AL-RN para se defender do que qualificou de abuso dos policiais rodoviários federais e a repercussão negativa que o caso levou para sua imagem.   “Vim aqui para chamar a atenção para um fato inconcebível como o que passei e que todos podem ser vítimas, sobretudo aqueles que não têm a quem recorrer. Passei por um caso de abuso de autoridade e um excesso criminoso por parte da ação policial. E só falo agora porque posso provar”, pontuou Maia.   De acordo com o deputado, os excessos policiais devem ser coibidos a todo custo. “Eu não resisti à prisão. Resisti às tentativas que eles fizeram todo tempo de tirar minha razão. Meu caso talvez seja revelador do trato que a polícia dá ao cidadão. Senti na pele que não é proteção, educação ou orientação”, disse ele.   No vídeo, vestido com uma camiseta azul e usando um boné, Maia pede que o agente da PRF não faça a gravação e diz que também está gravando a ação. “Está gravando com que? Com os olhos?”, retruca o policial. O celular é aproximado do rosto de Carlos Augusto, que coloca a mão no aparelho. O vídeo, então, é cortado para outro trecho, já com o deputado jogado no chão, imobilizado e algemado. Um policial segura seu pescoço, outro as pernas e um terceiro imobiliza suas costas.   Até o momento, as imagens não mostraram citações de Maia à sua condição de parlamentar. Ele tinha identificado-se como “funcionário público e advogado”. Somente após ser preso, ele se identifica como deputado estadual. Com os braços algemados, Carlos segue discutindo com os policiais e chega até a dar voz de prisão em um deles, por “abuso de autoridade”.   Por diversas vezes o político do PT do B diz que não é necessário o uso de algemas. “Não sou vagabundo. (...) Nunca fui humilhado tanto na minha vida”, argumentou o parlamentar. Por pouco mais de 15 minutos, os agentes rodoviários discutem com o deputado estadual. “O senhor está alterado. Foi algemado para segurança”, diz um deles, enquanto Carlos pedia que as algemas fossem retiradas. “Quem é injustiçado e não fica alterado?”, devolve o deputado estadual.   Em certo ponto, os policiais decidem levar o policial e os colegas que estavam com Maia no veículo para a Delegacia de Polícia. “O senhor escolhe: vai algemado no banco de trás ou sem algemas na mala”, disse outro policial. O deputado chega a fazer menção de entrar na viatura algemado, mas os policiais resolvem retirá-las. A entrada do parlamentar no veículo da PRF marca o fim do vídeo.
Fonte: Novo Jornal